nevoeiro

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sombra da noite


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Abro os olhos
Sinto o calor do dia
Aquecer todo meu corpo com a luz que irradia

Tua sombra aproxima-se
A primeira luz
Impede-me de absorvê-la, colocando-me capuz

Meu olhar entra em devaneios
Meus pensamentos são corrompidos
Por ouví-lo bem perto de meus ouvidos

Tiras o doce de minhas palavras
Sua violência me inspira
Em sua teia malévola me atira

Meus sonhos cada vez menos reais
Visualizo a carne, o pecado
Nunca antes imaginado

No lugar de ver e sentir os anjos
Imagens de luxúria
Perseguem-me com fúria

No desespero, não vejo saída
Meu dia passa a consumir-me por inteiro
Não tenho o controle de mim, olho o ponteiro

Meia-noite, a Lua Cheia
Me dá sinal
À noite você será o mal

Em meu leito
Esforço-me a não fechar os olhos, inútil
O cansaço me vence e toma conta de mim um sono volátil

O peso da sua escuridão
Sinto em meu corpo
Comprimindo-me o tempo todo

Minha respiração começa falhar
Puxo ar, não vem
Ofegante sinto-o também

Suas mãos atravessam meu corpo
Deslizando suavemente
E alternando com apertos contundentes

Minha boca a toma
Como tua
Mordendo-a, dominado-a, submetendo-a a sua

Braços presos
Movimentos limitados
Apenas você com teu corpo colado

Sinto tua boca sedenta
Viajar no meu corpo
Com paradas obrigatórias, levando ao torpor

A transpiração não sai pelos poros
O fogo do corpo evapora a água
Apenas o toque firme e áspero a toda hora

A minha mão leva ao teu sexo
Impondo-me a tua escravidão
E deixando o teu recado para quem sempre eu digo não

Sua perspicácia e rancor
Conhecem meu limite
Assim estraçalhando meu ponto franco até que eu grite

A minha repulsa
Começo a vê-la distanciar
Cada vez mais eu ficando sem ar

E assim você me invade
Com toda força e desejo
No ato sexual que agora também apeteço

O corpo entra em convulsão
Satisfação e desejo venéreo
Se fazendo passar por um momento etéreo

A luz bate em meu rosto
Sinto meu corpo pesado e dolorido
Para eu me lembrar do quanto você por mim é banido

Abraço minhas pernas flexionadas
Deito meu rosto
E perco meu olhar no nada

Até
Sentir o molhado do meu pranto
No corpo recém tomado pelo gozo

Jogo palavras no ar
Pois sei que onde está, irá pegar
“Até quando teu ódio e desejos irão me aprisionar?”

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