nevoeiro

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Festa fúnebre


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Término da vida
Passagem para a eternidade
Até o novo encontro do purgatório em tenra idade

Terra de carne, dos cinco sentidos
Do apego e gozo material
Em detrimento do espiritual

Desprendimento complexo
Da gula, luxúria, vícios, família, amigos e sentidos
Sobrando apenas os devaneios dos perdidos

Após negação da luz
Apenas a ansiedade de festa
A alegria que resta

Almas de contornos disformes, esqueléticas, pálidas
Vestidas de Black tie, cantantes ao som de lamentos
Confundidos com chuva e ventos

Monumentos góticos de atmosfera de desespero
Que evoca os mais antigos desejos, tragédias, suicidas, malfazejos e pavores
Corvos esvoaçam dominando campos em meio ao iluminar de velas e flores

Manto negro da noite
Iluminado pela lua cheia
Anuncia a chegada dos convidados em cadeia

Pai, Mãe, filhos e amigos
Abraços e toques que transpassam a carne do sexto sentido
Dos saudosos o choro outrora contido

Saudade apaziguada por instantes
Juras, promessas, declarações
Pedidos de perdão e confissões

Festa sensitiva, saudosa, delicada
Festa misteriosa, inevitável
Festa implacável

O crepúsculo anuncia o findar do dia
Olhares solitários a procura da correspondência dos seus
Abraços a procura de um abraço apenas desejando adeus

Lágrimas escorrem para a terra
Continuamente úmida de lamento
A neblina encobre o sofrimento

Uma flor na lápide, uma oração
Festa findada do encontro
Da dor e saudade fincadas no coração


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