nevoeiro

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Enamorados

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O céu dos eternos enamorados,
límpido e suave
o amor voa como a mais bela ave.

Os enamorados
fundem-se na luz do pôr-do-sol,
e a chama latente é o ingênuo arrebol.

Nada mais são
do que um apoucado aglomerado
de amor esmerado.

Porção harmônica
com cheiro de rosas misturadas
com a terra molhada.

Mas então por que
minha mente distancia,
de tal paraíso banhado de harmonia?

Por que o cheiro
da Dama da Noite me arrepia
noite e dia?

Na minha noite, a lua é cheia,
gestante de beleza e vaidade,
o vento roça nos corpos que se cobiçam em profundidade.

A melodia é maestrada
pelos corações que pulsam desnorteadamente,
sem reter toda emoção que lhes escorrem lentamente.

A mulher de saia rodada
tecido rubro, tonalidade
que recai aos lábios avolumados de vontade.

Assim feito pavão,
ao seu amante dança resvalessendo até o chão
cravando sua impetuosa paixão.

Os seus olhos brilhantes, a sua boca,
os seios aprisionados no decote, seus pés descalços,
tudo a enfeitiçar seu homem ao próprio percalço.

As salamandras são
seduzidas ao momento,
partilhando aquela dança do cio em lindo movimento.

Então o fervoroso amante
segura firme a sua mulher
tão quente, feito tocha a arder do jeito que ele quer.

De forma a pressionar-lhe
contra seu corpo vivo, rijo e fumegante,
tateiam-se no movimento frenético de gemidos ofegantes.

Não há espaços para adornos ou vestimentas,
tudo é expulso com violência
e deveras saliência.

A cama de folhagem macia
aninha os amantes em seu leito;
fluidos corpóreos colam folhas por todos os lados e jeitos.

O corvejo do pássaro preto
se alinha ao grito de prazer da mulher amada,
preenchendo qualquer vazio que por acaso ali estava.

O homem invade seu sexo,
como que vasculhando-a sem compaixão,
no desejo de sair pela boca na forma poética, você é o meu tesão.

O êxtase incomensurável não tarda,
a vontade de paralisar o tempo e segurar o gozo infinito,
transparece nas pupilas enaltecidas dos espíritos adictos.

Em seguida sobram-lhe demasiadas salivas lascivas,
sorvidas um do outro, como vinho quente
do inferno proveniente.

Meus pensamentos escravizam-me
a dedilhar ainda mais esse amor, insistente a enveredar meus sonhos,
mas que agora preciso findá-lo.

Pois quanto mais penso na serenidade,
afundo-me nos meus mais sedentos desejos e tormentos,
afastando-me perdidamente de propósitos (santos).


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