nevoeiro

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Desconexo, o sexo




Dez para a balada da meia-noite ...
Que me carrega aos poucos para seus braços
Para que eu descansar a mente que mente
Que atormenta e é tormenta
Que é descrente, indecente
Ardente, cortante
Com esperança, feito criança
Olho minha tez, rubra, desnuda
Adormeço para o recomeço
Desconexo, o sexo.

Barco à deriva


dolivroprocoracao.blogspot.com.br                                  

Um barco à deriva
Num mar aberto
Sem você por perto

Uma estrada no meio do nada
Caminho sem esperança
Pés descalços feito criança

Olho para trás
Não vejo nada
Vejo minha sombra penada

Falo com pássaros
Falo com o vento
Sozinha com meus pensamentos

Frio lá fora
Folhas caem do lindo outono
Entro em profundo sono

Procuro em meus sonhos
Uma imagem, um sabor, um odor
Que acalente meu coração em torpor

Desperto mais uma vez
Olho para um lado e para outro
Tudo está em seu lugar, de acordo

A tristeza me envolve
Olhos umedecidos,
Penso em correr, mas todos os lugares são parecidos

Olho na janela novamente
Frio lá fora, folhas caem do outono
Busco meu sono profundo

E lá
Permaneço
Até novamente o meu recomeço


magia da noite

 emporiowicca.com.br                                          

O crepúsculo se anuncia
Noite nebulosa
Nuvens entrelaçam-se fabulosas

A Lua ilumina
Recebida pelas nuvens vestidas de algodão
Que a roçam e carinho lhe dão

O silêncio
Mais adiante é quebrado
Dissolvendo-se no ar e pelo brado

Que bela melodia
Eco de arranjos góticos
Poesia e sentimentos nada lógicos

É o chamado do Lago
Para a Lua
Numa noite que começa a ficar nua

A Lua desliza pelo horizonte
Como que rasgando-o, talvez timidez
Ou até mesmo insegurança e rigidez

Estática, evita tocar o Lago
Pois sabe que tem uma superfície gélida demais
Podendo chocar o belo Lago de águas termais

A Lua ilumina o Lago por instantes infinitos
O lago reflete a face feminina majestosa
Deixando a Lua por demais vaidosa

Porém a face negra lunar
Não consegue conter no tempo
Uma lágrima que passeia por todo o seu corpo

Cai no corpo d´agua
Unindo-se aos fluídos de desilusão do Lago
Nasce então uma frondosa Ninfa azul-índigo

Que levita em seu balé sobre água
Toda sensualidade
Que aquele momento inspira por fatalidade

Testemunha
A pura magia da noite, e se esconde
Ao ver o grande Sol vindo por trás do monte.

Sombra da noite


vampiro-alucard.blogspot.com.br                                    

Abro os olhos
Sinto o calor do dia
Aquecer todo meu corpo com a luz que irradia

Tua sombra aproxima-se
A primeira luz
Impede-me de absorvê-la, colocando-me capuz

Meu olhar entra em devaneios
Meus pensamentos são corrompidos
Por ouví-lo bem perto de meus ouvidos

Tiras o doce de minhas palavras
Sua violência me inspira
Em sua teia malévola me atira

Meus sonhos cada vez menos reais
Visualizo a carne, o pecado
Nunca antes imaginado

No lugar de ver e sentir os anjos
Imagens de luxúria
Perseguem-me com fúria

No desespero, não vejo saída
Meu dia passa a consumir-me por inteiro
Não tenho o controle de mim, olho o ponteiro

Meia-noite, a Lua Cheia
Me dá sinal
À noite você será o mal

Em meu leito
Esforço-me a não fechar os olhos, inútil
O cansaço me vence e toma conta de mim um sono volátil

O peso da sua escuridão
Sinto em meu corpo
Comprimindo-me o tempo todo

Minha respiração começa falhar
Puxo ar, não vem
Ofegante sinto-o também

Suas mãos atravessam meu corpo
Deslizando suavemente
E alternando com apertos contundentes

Minha boca a toma
Como tua
Mordendo-a, dominado-a, submetendo-a a sua

Braços presos
Movimentos limitados
Apenas você com teu corpo colado

Sinto tua boca sedenta
Viajar no meu corpo
Com paradas obrigatórias, levando ao torpor

A transpiração não sai pelos poros
O fogo do corpo evapora a água
Apenas o toque firme e áspero a toda hora

A minha mão leva ao teu sexo
Impondo-me a tua escravidão
E deixando o teu recado para quem sempre eu digo não

Sua perspicácia e rancor
Conhecem meu limite
Assim estraçalhando meu ponto franco até que eu grite

A minha repulsa
Começo a vê-la distanciar
Cada vez mais eu ficando sem ar

E assim você me invade
Com toda força e desejo
No ato sexual que agora também apeteço

O corpo entra em convulsão
Satisfação e desejo venéreo
Se fazendo passar por um momento etéreo

A luz bate em meu rosto
Sinto meu corpo pesado e dolorido
Para eu me lembrar do quanto você por mim é banido

Abraço minhas pernas flexionadas
Deito meu rosto
E perco meu olhar no nada

Até
Sentir o molhado do meu pranto
No corpo recém tomado pelo gozo

Jogo palavras no ar
Pois sei que onde está, irá pegar
“Até quando teu ódio e desejos irão me aprisionar?”

Festa fúnebre


                                                                        chickenorpasta.virgula.uol.com.br

Término da vida
Passagem para a eternidade
Até o novo encontro do purgatório em tenra idade

Terra de carne, dos cinco sentidos
Do apego e gozo material
Em detrimento do espiritual

Desprendimento complexo
Da gula, luxúria, vícios, família, amigos e sentidos
Sobrando apenas os devaneios dos perdidos

Após negação da luz
Apenas a ansiedade de festa
A alegria que resta

Almas de contornos disformes, esqueléticas, pálidas
Vestidas de Black tie, cantantes ao som de lamentos
Confundidos com chuva e ventos

Monumentos góticos de atmosfera de desespero
Que evoca os mais antigos desejos, tragédias, suicidas, malfazejos e pavores
Corvos esvoaçam dominando campos em meio ao iluminar de velas e flores

Manto negro da noite
Iluminado pela lua cheia
Anuncia a chegada dos convidados em cadeia

Pai, Mãe, filhos e amigos
Abraços e toques que transpassam a carne do sexto sentido
Dos saudosos o choro outrora contido

Saudade apaziguada por instantes
Juras, promessas, declarações
Pedidos de perdão e confissões

Festa sensitiva, saudosa, delicada
Festa misteriosa, inevitável
Festa implacável

O crepúsculo anuncia o findar do dia
Olhares solitários a procura da correspondência dos seus
Abraços a procura de um abraço apenas desejando adeus

Lágrimas escorrem para a terra
Continuamente úmida de lamento
A neblina encobre o sofrimento

Uma flor na lápide, uma oração
Festa findada do encontro
Da dor e saudade fincadas no coração


Traição

                                                                              marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br

O homem que ama sua mulher,
o homem que a deseja,
que pensa inteiramente tê-la.

Descobre entre escritos
uma vadia adúltera,
e assim mesmo jamais deixara de amá-la.

A emboscada perfeita,
mais cedo chega ao seu ninhal,
armado está com seu punhal.

Vingança é sua saliva,
e seus olhos gravam a cena,
os dois na cama obscena.

Desfere um corte profundo,
matando aquele inimigo,
que se dizia seu amigo.

Desfere outro corte cavado,
matando aquela mulher vestida de corpete,
que por ela morreria setenta vezes sete.

Impunemente foi ao encontro de sua amada
no cemitério, agachou em sua lápide,
de tristeza chorou sua saudade.

Desgraçadamente médium era,
viu-a aproximando-se, linda, com andar formoso,
manchada de sangue aquoso.

O seu rosto pálido
beija delicadamente o rosto
do homem que um dia foi esposo.

E dali é puxada pelas mãos,
por aquele mesmo
que dizia ser amigo-irmão.

E os dois saem sombras a fora
deixando rastros de sangue,
morbidamente felizes os amantes.

O homem envenenado pela loucura,
sucumbi-se ao próprio ódio,
e vê na vingança a razão da morte.

Assim, desfere o seu punhal no próprio peito
e no amor que gozava aquele coração,
padecendo agora da sua maldita desencarnação.

O telefone

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Empolgante encontro havia sido,
que a pedido do lindo jovem de trejeito rústico,
a moça entrega-lhe seu número cabalístico.

Em seu aposento,
pobre menina a perder o sono em noite vã,
só em pensar no leve toque do telefone pela manhã.

O seu despertar irradia-se
num belo e aberto sorriso,
ao encontro do aparelho ali, parado e rijo.

A cada minuto avançado
é seu olhar que se perde pelo casarão
e ancora para ele, o portal da comunicação.

Grava sua textura e contornos,
imaginando sua deslumbrante canção e
tudo aquilo que aguardara a encher-lhe o coração.

Agora são horas que correm, e,
com elas o sangue nas veias jorra pela tez
pressionado pelo desejo e angústia de ouví-lo outra vez.

A casa toda estava arrumada,
todas as músicas dançadas,
e toda paciência estava sendo esgotada.

Colada ali ficou,
dedilhando suavemente as teclas,
tentando por assim convencê-las.

E nesse momento ouve o zombeteiro Ilusão,
dizendo: - Moça linda que és, não tardará, ele irá ligar
e tudo será perfeito como assim nesse teu sonhar.

Porém, estava ali presente também,
o demônio da desilusão, que diz:
- Não és nada interessante, por que teimas em ser feliz?

Então a bela moça na madrugada angustiante
Solta um profanar: - Então que seja tu demônio
a me ligar!

E estridentemente toca o telefone,
e num saltar estremecido, ela atende de uma vez,
- Despertador automático: Seis horas, seis minutos do dia seis.